Jonas Filho
22/09/2025 05:19 22/09/2025 08:03

Caetano Azevedo Saraiva Barroso, filho do deputado federal Márcio Jerry, aparece como proprietário da empresa Fênix Serviços e Construção Civil Ltda., responsável por contratos milionários com a Prefeitura de São José de Ribamar durante a gestão do prefeito Dr. Julinho.

O principal objeto foi a execução de serviços de capina, roço, poda e paisagismo — atividades que, em tese, exigem mão de obra volumosa e presença constante de equipes nas ruas. Mas a grande dúvida que paira sobre a população ribamarense é: onde estavam essas equipes? Quantas pessoas, de fato, trabalharam para justificar os milhões pagos?

Reportagens já publicadas apontam que a Fênix recebeu R$ 6,7 milhões em valores globais por contratos desse tipo. O que causa estranheza é a percepção recorrente de moradores: em bairros que deveriam ter sido atendidos pela empresa, ninguém lembra de ver trabalhadores em campo na quantidade compatível com os montantes recebidos.

Se houve pagamento milionário, seria natural encontrar dezenas de roçadores diariamente espalhados pela cidade, frota de veículos de apoio, equipamentos de proteção individual padronizados e até mesmo placas de identificação dos serviços. Mas onde estão essas evidências concretas de execução?

Outro ponto nebuloso diz respeito à cronologia contratual. Segundo colunas e veículos nacionais, Caetano assumiu a empresa em abril de 2023. Apenas três meses depois, o pai, deputado Márcio Jerry, destinou R$ 1 milhão em emenda PIX para São José de Ribamar. Ainda em 2023, a Fênix teria recebido aproximadamente R$ 2 milhões, valor que, de acordo com os dados divulgados, superou em R$ 540 mil o limite do aditivo vigente até fevereiro de 2024. E não para por aí: em 2024, mesmo após o encerramento desse aditivo, a empresa ainda teria recebido mais R$ 706 mil.

A pergunta é inevitável: qual foi a base legal para esses pagamentos posteriores? Houve novo processo administrativo, um contrato emergencial, ou se tratou de mero remanejamento contábil? Se existiu cobertura contratual, por que não foi apresentada de forma clara?

Essas contradições abrem espaço para questionamentos ainda mais diretos: quantos trabalhadores estavam na folha de pagamento da Fênix durante o período do contrato? Houve registro formal de empregados no eSocial ou no Caged? Foram recolhidos encargos trabalhistas, emitidas GFIPs e comprovadas contribuições ao INSS e FGTS? Onde estão as ordens de serviço, os boletins de medição, as planilhas de execução com metragem roçada e capinada em cada bairro, as fotos georreferenciadas de “antes e depois”? Uma empresa que fatura milhões para capinar ruas precisa provar que esteve em campo, com documentação robusta e transparente.

A coincidência política também não pode ser ignorada. Um parlamentar envia recursos a um município e, logo em seguida, a empresa do próprio filho passa a receber vultosos pagamentos da mesma prefeitura.

Ainda que não haja ilicitude comprovada, a situação levanta dúvidas éticas: não seria razoável que, para evitar suspeitas de favorecimento, houvesse uma barreira de transparência mais sólida? Não seria papel da Prefeitura de Ribamar publicar todos os contratos, aditivos e medições no Portal da Transparência de forma acessível ao cidadão? E o deputado, não deveria esclarecer publicamente a relação entre suas emendas e os contratos da empresa do filho, afastando de vez a sombra do conflito de interesse?

Enquanto essas respostas não vêm, a desconfiança só aumenta. Moradores seguem relatando que nunca presenciaram frentes de trabalho na proporção dos valores pagos. A Prefeitura se mantém em silêncio sobre a quantidade de empregados mobilizados.

A empresa, por sua vez, não apresenta documentos que atestem a execução integral do serviço. O deputado prefere atacar as denúncias, classificando-as como “infundadas”, mas não se dispõe a abrir os números que poderiam desarmar de vez as suspeitas.

Assim, a pergunta que ecoa em São José de Ribamar permanece sem resposta: quantas pessoas realmente trabalharam para a empresa do filho de Márcio Jerry nos contratos de capinagem? E onde estão as provas que justifiquem os milhões desembolsados pelos cofres públicos?

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