Jonas Filho
16/04/2025 08:06 22/04/2025 11:11

Com quase 70% de reprovação em Curitiba, presidente vê sua popularidade derreter diante da eficiência administrativa e do discurso pragmático de Ratinho Jr. e Eduardo Pimentel. Ausência de entregas e distanciamento político alimentam desgaste irreversível no

A falta de entrega é determinante na queda vertiginosa de popularidade e rejeição a Lula no Paran´- Foto: Reprodução
A falta de entrega é determinante na queda vertiginosa de popularidade e rejeição a Lula no Paran´- Foto: Reprodução

A queda de popularidade do presidente Lula da Silva já deixou de ser um dado isolado para se tornar um problema político nacional. Mas em alguns Estados, o desgaste extrapola os padrões da média nacional e atinge patamares alarmantes — é o caso do Paraná. Em Curitiba, a rejeição a Lula chega a 67,4%, segundo o Instituto Paraná Pesquisas. Em contraste, o governador Ratinho Jr. (PSD) e o prefeito Eduardo Pimentel (PSD) ostentam aprovações superiores a 80%. A pergunta que se impõe é: o que explica tamanha rejeição ao governo federal em um Estado que parece satisfeito com suas lideranças locais?

Entre o antipetismo estrutural e o capital político regional

O Paraná sempre foi terreno hostil ao lulismo. A base conservadora do eleitorado, majoritariamente de classe média e fortemente influenciada por uma pauta liberal nos costumes e na economia, ajudou a moldar um antipetismo quase estrutural. Foi em Curitiba, não por acaso, o berço e o símbolo da Operação Lava Jato, com toda sua carga de desgaste simbólico para o PT.

Mas a atual rejeição a Lula vai além da herança de Sergio Moro e da cruzada judicial da década passada. Trata-se de um acúmulo de percepções negativas que, no imaginário paranaense, apontam para um governo federal distante, burocrático e pouco efetivo. Enquanto isso, Ratinho Jr. e Pimentel colhem os frutos de uma comunicação eficiente, entregas visíveis e um discurso alinhado ao pragmatismo do eleitor local.

A ausência de Lula no Paraná é política – e estratégica

Lula raramente se dirige ao Sul, e menos ainda ao Paraná. Isso não é por acaso. Trata-se de uma escolha deliberada do Planalto, que evita se desgastar em territórios já mapeados como hostis. A consequência, porém, é o reforço de um afastamento simbólico: o governo federal parece alheio aos problemas e demandas locais.

Essa ausência física e política contribui para que o eleitor paranaense associe Brasília a promessas vazias e distantes, enquanto exalta as ações tangíveis do governo estadual e da prefeitura. A comunicação do governo Lula, marcada por disputas ideológicas e ruídos internos, também não dialoga com o perfil mais técnico e direto valorizado no Sul.

O contraste com gestões locais fortalece o senso de abandono

Ratinho Jr. é um gestor que atua com foco em infraestrutura, atração de investimentos e parcerias público-privadas — uma agenda que agrada tanto ao empresariado quanto ao eleitor urbano. Eduardo Pimentel, na prefeitura de Curitiba, adota um modelo de gestão próximo ao do governador: pragmatismo, entregas e pouca polêmica. Ambos constroem um capital político sólido em um ambiente onde resultados falam mais alto que narrativas ideológicas.

O contraste entre o “fazer” de Ratinho e Pimentel e o “prometer” atribuído a Lula é gritante aos olhos da população. Em Curitiba, 46,9% consideram o governo federal “péssimo” — um número que fala por si.

Rejeição pontual ou sintoma nacional?

A impopularidade de Lula no Paraná não é um ponto fora da curva, mas um termômetro antecipado do desgaste que pode se espalhar para outras regiões urbanas e conservadoras do país. Se o governo federal não conseguir reverter a percepção de ineficiência, afastamento e radicalismo retórico, outros centros urbanos podem seguir o mesmo caminho.

No xadrez político de 2026, o Paraná já é um terreno perdido para Lula. Mas o real risco está em permitir que a mesma lógica de distanciamento simbólico contamine praças eleitorais mais estratégicas no Sudeste e Centro-Oeste.

O recado está dado: governar é entregar – e aparecer

O Brasil real quer ver resultado. E quer sentir presença. O eleitor do Paraná não está apenas rejeitando Lula – está cobrando do presidente a mesma eficiência e visibilidade que enxerga nos líderes locais. Se Lula quiser reverter o quadro, terá que descer do palanque, sair da bolha ideológica e começar a entregar – inclusive onde ele sabe que será vaiado.

Porque no fim das contas, quem não governa também não resiste.

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